Uma das enfermidades infecto-contagiosas mais antigas já relatada em equinos é o Mormo. O Mormo, Lamparão ou Farcinose, passou a ter importância novamente devido ao surgimento de novos casos da doença no último ano. É uma doença de notificação obrigatória, tem caráter zoonótico e grande capacidade de disseminação. De grande importância também por afetar economicamente o agronegócio, uma vez que seu surgimento impede o transporte e, conseqüentemente, a comercialização dos equinos.
A enfermidade tem como agente etiológico a bactéria Burkholderia mallei que se adapta muito bem ao hospedeiro, porém é bastante sensível a fatores ambientais como calor e luz solar; e não resiste a ação de desinfetantes comuns. Como a demais enfermidades infecto-contagiosas, fatores predisponentes como estresse por superlotação, transporte, alojamentos mal-higienizados, entrada de novos animais, etc., podem proporcionar o surgimento da enfermidade.
O contagio ocorre, principalmente, através da via digestiva, em que o animal ingere a bactéria nos alimentos e água contaminados. O contagio via cutânea é menos freqüente, mas pode ocorrer se houver o contato do agente em regiões onde haja lesões. As secreções nasais são a principal via de eliminação do patógeno. Ressaltando que alguns animais não chegam a desenvolver a doença, mas servem como reservatório da bactéria e podem ficar eliminando-a por longos períodos de tempo.
Sua apresentação clínica pode ser de caráter agudo ou crônico e sua sintomatologia pode surgir na forma nasal/oral, pulmonar ou cutânea. O animal apresenta sinais clínicos como hipertermia, anorexia, caquexia, secreção nasal mucopurulenta, congestão nasal, ruídos respiratórios e linfonodos infartados.
A forma nasal/oral pode ser visualizada através da presença de úlceras e, em alguns casos, cicatrizes na mucosa oral, secreção purulenta nas narinas e, também, há a formação de nódulos no septo nasal e na narina.
A forma pulmonar se dá através da formação de abscessos que com o agravar da doença podem gerar quadros de pneumonia.
A forma cutânea que se caracteriza pela formação de lesões pustulosas na pele do eqüino nas regiões correspondentes ao trajeto dos vasos linfáticos. Essas pústulas podem se romper eliminando um conteúdo purulento altamente infeccioso; essa apresentação clínica pode assemelhar-se aos quadros de Linfangite.
Enfatizando a necessidade de confirmação de diagnóstico, uma vez que, o Mormo apresenta sinais clínicos semelhantes ao de outras enfermidades. Seu prognóstico é desfavorável e, não raramente, a doença pode levar a morte em poucos dias.
O diagnóstico definitivo é realizado através de testes laboratoriais como a Fixação do Complemento e Prova de Maleína. Os resultados devem ser devidamente analisados pelo médico veterinário. A notificação aos órgãos competentes deve ser imediata. O tratamento não é aconselhado e os animais com diagnóstico positivo devem ser sacrificados e suas carcaças devidamente descartadas.
Os demais animais diagnosticados negativos que mantiveram contato com os equinos positivos devem ser isolados e o teste deverá ser repetido para confirmação do diagnóstico. As instalações devem ser devidamente desinfetadas e a entrada de novos animais sem atestado sanitário de um médico veterinário deve ser evitada.
Destaca-se a importância da doença devido o valor econômico do eqüino hoje, assim como suas funções. Felizmente, os casos relatados no ano passado foram casos isolados, mas para permanecer dessa forma é importante tomar as medidas sanitárias preventivas com a finalidade de se evitar o ressurgimento desta enfermidade. Para tanto, deve-se realizar avaliações periódicas dos animais, de suas instalações e de seu manejo.
Fonte: http://www.mundodoscavalos.com.br
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